Bernard Buffet

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(1928 - 1999)



Pintor, gravador e desenhista francês. Nasceu a 10 de julho de 1928, em Paris. Morreu a 4 de outubro de 1999, em Tourtour (Salernes), sul da França.

Realizou seus estudos artísticos na École des Beaux-Arts de Paris, de 1944 a 1945, e, trabalhando sob influência do artista francês Francis Gruber (1912 - 1948), inaugurou sua primeira mostra individual na Galerie des Impressions d'Art naquela cidade, em 1947, logo atraindo a atenção do público e da crítica.

Em 1948, recebeu o maior prêmio da crítica francesa e se tornou rapidamente famoso, realizando dezenas de exposições pelo mundo. Em 1958 a revista norte-americana Time o elegeu - junto com o general Charles de Gaulle - como o francês mais conhecido. No mesmo ano, casou-se com a cantora e escritora Annabelle Scwob, com quem teve três filhos.

Passou a ter obras suas expostas desde o Vaticano ao Museu de Arte Moderna de Nova York. Realizou retrospectivas em Paris (1958), Berlim (1958), Bruxelas (1959) e Tóquio (1963).

Em 1973, foi inaugurado o Bernard Buffet Museum, em Surugdaira, Mishima, no Japão e em 1974 foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts de Paris, onde também recebeu a Légion d'Honneur, em 1971.

Executando uma arte figurativa, chegou a ser considerado um dos maiores pintores franceses do pós-guerra e o mais famoso depois de Picasso.

Em seus últimos anos, passou a sofrer de mal de Parkinson, o que o impedia de trabalhar. Por isso, não mais saía nem era visto pintando. Deprimido com a situação e estando no ateliê de sua casa, no sul da França, onde vivia com a esposa, suicidou-se, asfixiando-se com um saco plástico.


Galeria de fotos:












Algumas de suas pinturas:









Link recomendado:
Site sobre Bernard Buffet: http://museebernardbuffet.com/english.html

Zo d'Axa

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(Alphonse Galland de la Pérouse)
(1864 - 1930)


Anarquista-individuaista, polemista e jornalista francês. Nasceu a 24 de maio de 1864, em Paris. Morreu a 30 de agosto de 1930, em Corniche, Marselha.

Agitador, panfletário temível e jornalista mordaz que, com seus pequenos jornais, causou sensação em 1897, lançando protestos e imprecações ideológicas, sobretudo acerca das eleições presidenciais francesas.

Filho de família burguesa e afortunada, com um pai engenheiro em Paris e sólida educação obtida no Lycée Capital e Saint-Cyr, aos dezessete anos resolveu seguir carreira militar, mas, percebendo sua total ojeriza à autoridade e dirigismos marciais, desertou.

Perseguido, refugiou-se na Bélgica, na Suíça e por último na Itália, onde manteve seus primeiros contatos com grupos anárquico-radicais, passando a se utilizar do codinome Zo D'Axa, que em grego significa mais ou menos "eu vivo mordaz".

Anistiado em 1889, voltou à França e, sedento de justiça social, fundou o jornal L'En Dehors (Por fora), que teve 91 edições, de 1891 a 1893. Ali, acompanhado de um punhado de colaboradores e excelentes artistas plásticos, publicou apaixonados artigos inconformistas, anti-autoritários, antimilitaristas e anticlericais.

Essa postura libertária acabou lhe trazendo muitos problemas com a justiça, que o perseguiu com tenacidade. Em 1892, fugiu para a Inglaterra, Holanda e Itália, de onde foi expulso. Acabou na Grécia e na Turquia, fixando-se em Jaffa, amargando ali uma pena de dezoito meses de cadeia como prisioneiro político.

Em 1895, publicou o livro: "De Mazas à Jérusalem" que continha seus relatos e afinal obteve grande êxito.

Após breve temporada de sucesso, montou outro jornal, "La Feuille" (A Folha), tão virulento quanto o primeiro, tendo 25 edições, de 1897 a 1899, continuando suas campanhas contra as injustiças da época, sobre os presídios infantis, pela revanche dos mendigos, contra as asneiras da política, a venalidade da imprensa, em favor do aborto, pelo amor livre e a descriminalização do homossexualismo.

Durante as polêmicas nacionalistas envolvendo o "caso Dreyfus" (1894) por suportas espionagens pró-germânicas, colaborou no jornal "Le Cocarde" (O distintivo), publicando ainda o livro "Culte du Moi" (Culto de mim mesmo) e saindo da França, perambulou uma vida errante e venturosa nas Américas, China, Japão, Índias e África.

Tendo uma fi lha com quem não manteve contatos (Béatrice Arnac) e regressando, manteve-se num rigoroso mutismo, publicando suas últimas opiniões no "Le Journal du Peuple" (O Jornal do Povo), de primeiro de agosto de 1921.

Em agosto de 1930, aos 66 anos e dignamente isolado em sua propriedade marselhesa, suicidou-se, injetando em si próprio grande dose de morfina. Outra versão, porém, dá conta de que o anarquista tenha se matado em sua casa de Corniche, dando um tiro na cabeça e defronte a um espelho.


Galeria de imagens:








Fotos de sua filha, a atriz e compositora Béatrice Arnac:





Seu site oficial: http://www.beatrice-arnac.com/

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Link recomendado sobre Zo d'Axa:

Wikipédiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Zo_d'Axa

Li T'ai Po (ou Li Bai)

Li T'ai Po 
(701 - 762)
  

Li T'ai Po (ou Li Bai, Li Bo, Li Taibo) foi um poeta chinês. Conhecido como "poeta predestinado"ou "poeta imortal". Nasceu em 701 na província de Szechwan. Morreu em Tang-t'u Anhwei em 762.

Foi condenado à morte por mais de uma vez. Sua obra compõe-se de 24 livros divididos em doze cadernos. Ali, exorta a vida faustosa, que adorava viver: festas, luxo, exuberância, mulheres e vinho. Em seus versos, contudo, existe profunda tristeza, sentimento do vazio social e do mundo.

Embriagado, suicidou-se atirando-se ao rio Yang-tsé Kiang. Contam as lendas a seu respeito que, embriagado e fascinado com o reflexo da lua na água, ali pulou para beijá-la.

Sobre a sua poesia, nos diz a Wikipédia:

Mais de mil poemas são atribuídos a ele, mas a autenticidade de muitos deles é incerta. É mais conhecido por seus poemas fu yue e "shi", que são intensos e muitas vezes fantásticos. Está frequentemente associado com o taoísmo: existe um forte elemento desse em suas obras, tanto nos sentimentos que expressam como no seu tom espontâneo.

Assim como o gênio de Mozart, existem muitas lendas sobre o esforço com que Li Bai compunha sua poesia. Dizia-se que era capaz de compor a uma velocidade espantosa, sem correção. A grande quantidade era favorecida pela poesia shi de "forma antiga" (guti), devido à sua liberdade estilística, bem como a forma jueju (quadras de cinco ou sete caracteres), das quais ele compôs cerca de 160 poesias. O uso da linguagem por Li Bai impressiona pela sua imaginação extravagante e por comunicar sua personalidade de espírito livre diretamente com o leitor. Suas interações com a natureza, a amizade, o seu amor pelo vinho e sua aguçada observação sobre a vida são a base de seus melhores poemas. Alguns, como o Changgan xing (traduzido por Ezra Pound como The River Merchant's Wife: A Letter (A Esposa do Comerciante do Rio: Uma Carta), registra as dificuldades ou as emoções das pessoas comuns. Também escreveu poemas oblíquos alusivos às mulheres.

Em seus poemas, Li Bai tentou evitar o uso de palavras obscuras e referências históricas. Sua habilidade para criar o extraordinário fora do padrão era um dom incomum entre seus contemporâneos e foi provavelmente a razão pela qual ele foi considerado o "Deus do Poema". O fato de seu apelido chinês ser "詩仙" (shīxiān, que se traduz literalmente em transcendente/imortal da poesia) ajuda a comprovar isso. A espontaneidade de sua linguagem combinada com a extravagância de sua imaginação distinguiam Li Bai de qualquer outro poeta na história da China.

Um dos mais famosos poemas de Li Bai é Bebendo Sozinho ao Luar (月下獨酌, pinyin: Yuè Xià Dú Zhuó), um bom exemplo de alguns dos mais famosos aspectos de sua poesia - um poema espontâneo, cheio de imagens naturais e antropomorfismo.


Algumas poesias de Li T'ai Po:


Bebendo Sozinho com a Lua

De um pote de vinho entre as flores,
Bebo solitário. Ninguém me acompanha...
Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante
Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três.
Ai de mim, a lua era incapaz de beber
E minha sombra me acompanhava despreocupada;
Mas ainda por um momento tive dois amigos
Para me alegrarem já no fim da primavera...
Cantei. A lua me encorajava.
Dancei. Minha sombra espojava-se no chão.
Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros.
E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro.
... A boa vontade deverá ser sempre mantida?
Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas.

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A Dança dos Deuses

Pus toda a minha alma numa canção que cantei para os homens.
E os homens se riram!
Tomei meu alaúde, fui sentar-me no topo de uma montanha
E cantei para os deuses a canção que os homens não tinham entendido.
O sol baixava. Ao ritmo da minha canção, os Deuses dançaram
Nas nuvens encarnadas que flutuavam no céu.
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Diálogo na Montanha

Perguntais por que moro na verde montanha.
Intimamente sorrio, mas não posso responder.
As flores de pessegueiro são levadas pela água do rio...
Há outro céu e outra terra, para além do mundo dos homens.
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Ruínas de Su-Tai

Cresceram arbustos nas ruínas do palácio.
Hoje, a lua de Si-kiang é a única dançarina a bailar
Nas salas por onde deslizavam tantas mulheres formosas.
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Caracteres Eternos

Escrevo versos. Levanto a cabeça e vejo na minha janela
Bambus que se balançam. Fazem um ruído de fonte. O céu é azul.
Os caracteres que traço parecem brotos de ameixeiras
esparsos na neve.
O perfume das pequenas laranjas de Kiang-nam se evapora,
Se as guardardes por muito tempo nas mãos.
As rosas precisam de sol. As mulheres precisam de amor.
Os caracteres que traço não precisam senão do rumor dos bambus:
E são eternos! Eternos!

Algumas imagens:



Acima o único registro remanescente de próprio punho de Li T'ai Po.



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Paul Celan

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(1920 - 1970)


Poeta e pensador romeno judeu, naturalizado francês. Nasceu a 23 de novembro de 1920, em Cernauti, Romênia (agora Chernovtsy). Morreu em primeiro de maio de 1970, em Paris.

Quando a Romênia caiu sob jugo nazista, foi enviado a um campo de trabalhos forçados onde teve os pais assassinados. Acabada a guerra, trabalhou como tradutor e redator em várias publicações de Bucareste, mudando-se para Viena, onde publicou a primeira coleção de seus poemas: Der Sand aus den Urnen (1948), marcada pela impressão dos terrores e danos da realidade que vivenciara na guerra.

Transferiu-se para Paris em 1948, onde estudou medicina por algum tempo. Lá, traduziu obras para o francês, italiano, poesia russa e Shakespeare para o alemão. Seu segundo volume de poesias Mohn und Gedächtnis (1952) estabeleceu sua reputação como poeta na Alemanha, seguindo-se de Von Scwelle zu Schwelle (1955); Sprachgitter (1959); Die Niemandsrose (1963); Atemwende (1967) e Lichtzwang (1970).

Como poeta, viu seu trabalho reconhecido mundialmente, porém seus prêmios ficaram restritos à Alemanha: Rudolf Alexander Schröder Prize (1957) e Georg Büchner Prize da Deutsche Akademie für Sprache und Dichttung (1960).

Seu poema mais famoso é Todesfuge (Fuga da morte) e os principais livros traduzidos por ele ficaram sendo Papoula e memória (1952); Grades da língua (1959) e A rosa de ninguém (1963). No Brasil há uma antologia sua de nome "Cristal", publicada pela editora Iluminuras.

Sem que se soubessem os motivos, no dia primeiro de maio de 1970 suicidou-se, atirando-se ao Sena, em Paris.

Duas poesias de Paul Celan:



CANÇÃO DE UMA DAMA NA SOMBRA

Quando vem a taciturna e poda as tulipas:
Quem sai ganhando?
Quem perde?
Quem aparece na janela?
Quem diz primeiro o nome dela?

É alguém que carrega meus cabelos.
Carrega-os como quem carrega mortos nos braços.
Carrega-os como o céu carregou meus cabelos no ano em
[que amei.
Carrega-os assim por vaidade.

E ganha.
E não perde.
E não aparece na janela.
E não diz o nome dela.
É alguém que tem meus olhos.
Tem-nos desde quando portas se fecham.
Carrega-os no dedo, como anéis.
Carrega-os como cacos de desejo e safira:
era já meu irmão no outono;
conta já os dias e noites.

E ganha. E não perde.
E não aparece na janela.

E diz por último o nome dela.
É alguém que tem o que eu disse.
Carrega-o debaixo do braço como um embrulho.
Carrega-o como o relógio a sua pior hora.
Carrega-o de limiar a limiar, não o joga fora.

E não ganha.
E perde.
E aparece na janela.
E diz primeiro o nome dela.

E é podado com as tulipas.

(tradução: Claudia Cavalcanti )

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DO AZUL que ainda busca seu rosto, sou o primeiro a beber.
Vejo e bebo de teu rastro:
Deslizas pelos meus dedos, pérolas, e cresces!
Cresces como todos os esquecidos
Deslizas: o granizo negro da melancolia
Cai num lenço, todo branco pelo aceno de despedida.

( tradução: Claudia Cavalcanti )

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Galeria de fotos:



Celan aos 18 anos. 

Gisele, sua esposa, e Celan. 



 Celan em Czernowitz.




Antologia de Paul Celan em português.


Túmulo do poeta.
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Vsevolod Mikhailovich Garshin

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(1855 - 1888).


Escritos e contista russo. Nasceu a 2 de fevereiro de 1855, no distrito de Bakhmutsky, Império Russo. Morreu a 24 de março de 1888, em São Petersburgo. 

Filho de um oficial do exército, de família rica e proprietária de terras. A guerra entre a Rússia e a Turquia (1877) eclodiu quando Garshin tinha vinte e poucos anos e, influenciado pela profissão do pai, renunciou a seu pacifismo e serviu no exército dizendo querer "sofrer com o povo". Esteve internado por isso durante o ano de 1872.

Apesar de ter deixado obra pouco numerosa, influenciou o desenvolvimento do realismo russo, antecipando-se à ficção de Anton Tchekhov (1860 - 1904).

É autor de "Chetyre dnya" (1877) (Quatro dias); "Os Artistas" (1879) e no seu conto mais famoso, Krasny tsvetok (1883) (A flor vermelha), um louco morre após destruir uma flor que acreditava conter todo o mal do mundo.

A partir de 1880 foi atacado de distúrbios nervosos que o impediam de criar. Sua extrema melancolia acentuou-se ainda mais, acabando por levá-lo ao suicídio, a 24 de março de 1888, jogando-se pelo vão de uma escadaria.


Galeria de fotos:

Em 1855. 




Em 1877.


Pintura por Ilya Repin.

Túmulo do escritor.

Foto de seu túmulo em 1889.

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